quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O QUE ROLA BRASIL A FORA SOBRE A GREVE NO PARÁ

O movimento começou logo depois da assembleia, realizada em frente à Associação dos Policiais Militares da Reserva (Aspomire), na avenida Pedro Miranda, na Pedreira, que reuniu centenas de policiais e bombeiros.
Na Base da Polícia Militar do Tucunduba, onde ficam localizadas os comandos da 24ª, 11ª e 4ª ZPols, pelo menos seis veículos de ronda interativa estavam parados. Segundo os policiais, só seriam atendidos os casos de extrema gravidade.
No Quartel do Comando de Operações Especiais, de onde saem os homens e veículos da tropa de choque, canil e cavalaria, na avenida Alcindo Cacela, na Cremação, nenhum veículo estava sendo liberado. Os policiais colocaram cavaletes fechando a entrada do quartel e cruzaram os braços. Segundo os policiais, equipes da Força Nacional de Segurança já estavam sendo acionadas, ontem à noite.
Na frente da Seccional de São Brás pelo menos oito viaturas da ronda interativa estavam paradas.
Segundo informações dos policiais, também já estavam parados o 6º Batalhão de Ananindeua, a 25ª ZPol de Benevides e o 21º Batalhão de Marituba. A decisão sobre a greve só deveria ser tomada no final de uma nova rodada de negociações marcada pelo governo para as 9h de hoje, no Centro Integrado do Governo (CIG), na avenida Nazaré.
Em princípio, a categoria não aprova a proposta que o governo apresentou em reunião realizada, anteontem, de um aumento de 14,13% somente para os praças, deixando de fora os oficiais. Eles querem uma proposta só para todos. Segundo o supervisor técnico do Dieese-PA, Roberto Sena, que assessora a categoria, a proposta “tem que ser unificada de soldado a coronel. Politicamente não dá para pensar numa proposta que não abranja a todos”.
A categoria quer 100% de reajuste no soldo para repor perdas de 65%, desde 1995, segundo o Dieese. Outras reivindicações como o pagamento do adicional de interiorização, o aumento da gratificação de risco de vida de 50% para 100%, o aumento de 100% do auxílio moradia e creche e o fardamento no contracheque foram reivindicações que ficaram de ser analisadas depois de março. Os policiais também exigem coletes à prova de bala e melhorias nos alojamentos.
“O governo pagou para ver, eles não acreditavam que seríamos capazes de uma mobilização tão grande na capital e no interior”, afirmou o sargento Aelton Costa, um dos integrantes da coordenação do movimento. Segundo Jeoas Santos, da Associação Nacional dos Praças, o salário dos militares paraenses “é o 23º do país e o pior das regiões Norte e Nordeste”.
A categoria considerou como uma vitória a promessa do governo de publicar, amanhã, um decreto instituindo uma comissão de negociação salarial permanente para os policiais e bombeiros militares. O aumento proposto pelo governo somente aos praças elevaria os salários dos soldados em mais R$ 539.
NA ROÇA
“Se com a polícia nas ruas a gente já se sente inseguro, imagina agora com a greve... Estamos na roça”, disse, preocupado, o vendedor de lanches Divino dos Reis, 38, que trabalha no Paar, em Ananindeua, Região Metropolitana de Belém. No início da madrugada de hoje, policiais militares da 7ª Zona de Policiamento que cobrem a região do Paar entraram em greve e 15 viaturas estavam paradas na garagem da ZPol.
Um mototaxista, que não quis se identificar, contou que os assaltos iriam aumentar com a greve dos policiais. “Com a polícia, já é perigoso: há assaltos, homicídios, entre outras coisas. Agora sem a polícia na rua, vai piorar tudo de vez”, falou.
“Nós damos todo o nosso sangue, mas não somos respeitados. E ainda fomos ameaçados pelo comandante geral (coronel Daniel Borges Mendes) que falou que quem acatasse a greve, iria sofrer represálias depois que a gente voltasse para as ruas. Consequências estas que são transferências, dentre outras coisas”, disse um policial, que preferiu não se identificar.
Segundo o tenente-coronel PM Campos, “oito viaturas saíram da garagem para realizar rondas pela área de Ananindeua”. No município de Marituba, policiais do 21º B.P.M. também estavam parados e todas as viaturas recolhidas.
Os policiais militares em greve estão ocupando os quartéis e as ZPol. Essa disposição foi manifestada pelo comando da greve a fim de não configurar abandono de posto. Com isso, os grevistas tentam evitar ser expulsos da corporação, como ocorreu em 1989 com cerca de 200 militares afastados de suas funções após greve durante o governo Hélio Gueiros.
Segundo a assessoria da Segup, o comando nacional da greve dos policiais participou das reuniões com autoridades do governo e teria destacado a boa vontade demonstrada pelo governo do Pará em negociar.
Nos bastidores, porém, a informação é de que o comando nacional estaria orientando os grevistas, a fim de evitar erros cometidos nas paralisações em outros Estados. Durante o dia, a mobilização para a greve foi organizada através de mensagens de SMS pelos telefones celulares e via redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut).

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